Jornal da Mostra

10/10/2024

Centenário de Marcello Mastroianni é celebrado pela 48ª Mostra

Juri da 48ª Mostra
Juri da 48ª Mostra

Em 2024 se celebra o centenário de Marcello Mastroianni, que saiu de cena em 1996 para entrar na eternidade. A 48ª Mostra enaltece essa efeméride com uma seleção de títulos que mostram o ator italiano visto por diferentes mestres do cinema e em diferentes idiomas.

A lista, porém, começa pelo presente, com “Marcello Mio”, de Christophe Honoré, trabalho exibido no Festival de Cannes. No filme, Chiara Mastroianni, filha do ator, vê sua realidade desmoronar e decide viver como o pai. Ela passa a se vestir como ele e a falar como ele. Sua incorporação é tão convincente que as pessoas começam a acreditar e a chamam de Marcello.

A homenagem traz a comédia de absurdos “Um Homem em Estado... Interessante” (1973), filme dirigido por Jacques Demy. Nela, o ator vive um instrutor de autoescola que vai ao médico e descobre que está grávido de quatro meses. Sua mulher fica atônita, enquanto ele se torna uma celebridade mundial. 

Em 1986, ele se integrou ao estilo contemplativo do grego Theo Angelopoulos em “O Apicultor”. Marcello interpreta um personagem solitário que deixa o trabalho e a família para voltar à sua cidade natal, onde pretende retomar a ocupação de seus ancestrais como apicultor. Na esperança de reencontrar o passado, acaba se tornando obcecado por uma jovem caroneira que representa o hedonismo vazio do presente.

Filmado na Rússia sob a direção de Nikita Mikhalkov, “Olhos Negros” (1987) rendeu a Marcello Mastroianni o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes e uma indicação ao Oscar na mesma categoria. Inspirado em vários contos escritos por Anton Tchékhov, acompanhamos um homem, interpretado por Mastroianni, que conta sua história de amor perdido a um viajante russo.

Nas bifurcações entre realidade e imaginação a Mostra exibe o encontro tardio de Mastroianni com o diretor chileno Raúl Ruiz em “Três Vidas e Uma Só Morte” (1996), penúltimo trabalho do ator. Oscilando entre o absurdo e o pesadelo, vemos diferentes histórias que pertencem a um só homem, dividido entre múltiplas personalidades. 

No derradeiro “Viagem ao Princípio do Mundo” (1997), último título de sua filmografia, Marcello encarna o cineasta Manoel, sob a direção do xará Manoel de Oliveira. A narrativa mostra um realizador português que contrata um ator que, durante o processo do filme, decide visitar o vilarejo do pai. O diretor o acompanha na viagem, e revive lembranças da infância na região.

Leia mais sobre Marcello Mastroianni nos textos da seção Homenagens.